Estimativas apontam que mais de um bilhão de pessoas nomundo, ou 1 a cada 8, vivem com sobrepeso; a cirurgia bariátrica pode ser uma saída para quem luta contra a balança
Thiago Coutinho
Da redação
A cirurgia bariátrica pode ser uma grande aliada no combate à obesidade / Towfiqu barbhuiya por Unsplash
Os dados atestam: a obesidade é um mal a ser combatido com veemência em todos os países. Estimativas publicadas na revista científica The Lancet, e apoiadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), atestam que mais de um bilhão de pessoas no mundo, ou 1 a cada 8, vivem com sobrepeso. No Brasil, a proporção considerando a população adulta já é de 1 pessoa com a doença a cada 4, segundo dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2023, monitoramento anual realizado pelo Ministério da Saúde.
Um tratamento eficaz contra a obesidade é a cirurgia bariátrica (confira quadro ao final do texto para mais informações). A medicina recomenda este tipo de procedimento em pacientes que estejam com o Índice de Massa Corpórea (IMC, cálculo adotado para se descobrir o peso ideal) maior que 35. “Cirurgia bariátrica é um procedimento cirúrgico em que ocorre uma redução do estômago”, explica André Augusto Pinto, cirurgião geral e bariátrico da Clínica Gastro ABC.
Segundo o especialista, existem dois tipos de cirurgia bariátrica: a gastrectomia vertical e o procedimento conhecido como bypass. O médico explica os detalhes. “O sleeve, ou gastrectomia vertical, consiste na retirada de parte do estômago”, detalha André Augusto. “No bypass não se retira o estômago, mas se produz, por meio de uma cirurgia, uma nova câmara gástrica, menor, associada a uma derivação do trânsito intestinal pela ‘costura’ de parte do intestino delgado nessa nova câmara gástrica”.
Indicação e pós-operatório
A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com IMC maior que 35, como dito anteriormente, e também em pessoas que sofram de hipertensão, diabetes, artroses ou pacientes com relação de IMC maior que 40, mas sem outras comorbidades.
O procedimento, porém, exige disciplina de quem se submete a ele, especialmente no que se refere à impulsão alimentar. “É fundamental ao paciente candidato a cirurgia bariátrica a disciplina e controle da impulsão alimentar, ansiedade e outros vícios”, advertiu André Augusto. “A disciplina e as atividades físicas são o sucesso para que esse paciente tenha a perda de peso potencializada e não volte a engordar após alguns anos”, reitera.
Benefícios
Os benefícios por trás de uma operação como esta, segundo o especialista, são inúmeros. A começar pelas doenças comuns a quem está acima do peso. “As curvas mostram que esses pacientes apresentam melhoras em condições como diabetes, apneia do sono e hipertensão, consequentemente, diminui a mortalidade em decorrência de condições relacionadas com a obesidade, que é uma doença grave”, diz o especialista.
No entanto, como todo procedimento médico, a cirurgia bariátrica apresenta alguns riscos. “Como qualquer outra cirurgia, a bariátrica envolve riscos, como sangramentos, hematomas, deiscências e fístulas, que são abertura das costuras realizadas no estômago e intestino e até mesmo a morte”, detalhou. “Mas vale ressaltar que a cirurgia é muito segura”, acrescenta.
Acompanhamento psicológico
A cirurgia bariátrica não envolve apenas uma reeducação alimentar, mas também uma reeducação emocional. A cirurgia pode, inclusive, não ser realizada se for constatado algum problema com ansiedade no paciente. “O acompanhamento psicológico não é só importante, como é fundamental”, ressaltou o cirurgião. “Caso o psicológo considere que o paciente não tem condições de realizar a cirurgia devido a questões ligadas principalmente a ansiedade, o procedimento não é feito. Ter o controle do estado psíquico, principalmente no que tange ao tratamento da ansiedade, é parte importante do processo inclusive a longo prazo para uma perda de peso sustentável”.
Além do acompanhamento psicológico, uma rotina saudável deve ser posta em prática inclusive para que o paciente não volte a ganhar peso. É necessário que haja disciplina à alimentação e a uma rotina periódica de atividades físicas.
“Os hábitos saudáveis, que incluem a rotina e disciplina tanto na alimentação, atividade física e controle emocional, são fundamentais para que a perda de peso proporcionada pela cirurgia seja sustentável e que o paciente não volte a ganhar peso”, afirmou o médico. “Esse acompanhamento é para vida toda. Nos casos em que observamos pacientes que ganham peso após algum tempo do procedimento, observa-se frequentemente a quebra dessa rotina e disciplina virtuosa”, finalizou.